CLORIDRATO DE FLUOXETINA: PARA QUE SERVE, DOSES E EFEITOS
- GazetaFarma
- 19 de jul. de 2024
- 4 min de leitura

O QUE É A FLUOXETINA?
O cloridrato de fluoxetina, amplamente reconhecido pelo nome comercial Prozac, é um antidepressivo da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS).
A fluoxetina, o antidepressivo mais antigo e amplamente estudado da classe dos ISRS, foi lançada no mercado em 1987.
Embora seja primariamente um antidepressivo, a fluoxetina também é utilizada no tratamento de outros distúrbios como transtorno obsessivo-compulsivo, bulimia nervosa e síndrome do pânico.
Este texto não pretende ser uma bula completa da fluoxetina. Nosso objetivo é fornecer informações de forma clara e útil para pacientes que buscam entender sobre o medicamento de maneira acessível e direta.
MECANISMO DE AÇÃO
O mecanismo de ação da fluoxetina é compartilhado por todos os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina.
A serotonina atua como neurotransmissor, facilitando a comunicação entre os neurônios. Ela desempenha um papel crucial na regulação do humor, das emoções, do sono e do apetite. Níveis reduzidos de serotonina no sistema nervoso central podem resultar em depressão do humor, mudanças de comportamento, além de distúrbios no sono e no apetite.
A quantidade de serotonina disponível para os neurônios depende da sua produção e da remoção (recaptura) no cérebro.
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina funcionam reduzindo a taxa de remoção da serotonina da fenda sináptica, onde este neurotransmissor exerce suas funções. Isso faz com que a serotonina permaneça disponível por mais tempo para os neurônios, o que geralmente melhora o humor dos pacientes.
PARA QUE SERVE?
Como antidepressivo, é claro que a principal indicação da fluoxetina é para o tratamento da depressão. No entanto, esta não é sua única aplicação. A fluoxetina também demonstra eficácia no tratamento de outros distúrbios psiquiátricos, como, por exemplo:
Bulimia nervosa
Transtorno da compulsão alimentar periódica.
Síndrome do pânico.
Estresse pós-traumático.
Transtorno afetivo bipolar.
Fibromialgia.
Tensão pré-menstrual.
Transtorno obsessivo-compulsivo.
POSOLOGIA – COMO TOMAR
A fluoxetina pode ser tomada em qualquer horário e sua absorção não é afetada pela alimentação. Geralmente administrada em dose única diária, doses acima de 20 mg podem ser divididas em duas tomadas ao longo do dia.
A dose eficaz habitual é de 20 mg por dia, porém, para minimizar os efeitos colaterais, o médico pode iniciar o tratamento com 10 mg diários e aumentar para 20 mg após uma semana, especialmente em pacientes idosos.
A dose de fluoxetina pode ser aumentada gradualmente em 10 a 20 mg a cada 4 semanas até alcançar o efeito desejado.
Os efeitos clínicos normalmente começam a ser observados após 15 a 20 dias de tratamento, portanto, não é recomendado ajustar a dose em menos de um mês.
A dose máxima recomendada é de 80 mg por dia. Na maioria dos casos, os sintomas podem ser controlados com doses entre 20 e 40 mg diários.
A FLUOXETINA FAZ EMAGRECER?
Embora seja uma pergunta comum entre os pacientes, não há uma resposta única para o efeito da fluoxetina no peso.
A fluoxetina pode causar alterações no peso?
Sim, a fluoxetina pode causar alterações no peso, tanto para mais quanto para menos. Ambos os casos geralmente estão relacionados ao controle da depressão e da ansiedade.
Muitos pacientes com depressão ou transtorno de pânico podem perder o apetite e consequentemente emagrecer. À medida que o medicamento começa a fazer efeito e os sintomas são controlados, o apetite pode retornar, levando ao ganho de peso.
O oposto também pode ser verdadeiro. O aumento do consumo alimentar pode ser um sintoma de transtorno psiquiátrico, que é controlado à medida que a fluoxetina produz efeitos.
Em alguns pacientes, a fluoxetina pode causar perda de apetite como efeito colateral, resultando em perda de peso.
A fluoxetina pode ser usada como um remédio para emagrecer?
A fluoxetina não é indicada exclusivamente para tratamento da obesidade. Além de não provocar perda de peso em todos os pacientes, sua eficácia para esse fim é consideravelmente menor do que a de outros medicamentos disponíveis no mercado (consulte: Remédios para emagrecer). A redução do apetite mencionada acima ocorre em apenas cerca de 20% dos pacientes.
EFEITOS COLATERAIS
Os efeitos colaterais mais frequentes da fluoxetina são:
Náuseas (12% a 29%).
Insônia (10% a 33%).
Redução da libido (1% a 11%).
Diarreia (8% a 18%).
Retardo na ejaculação (7%).
Impotência sexual (7%).
Tremores (3% a 13%).
Redução do apetite (4% a 17%).
Sonolência (5% a 17%).
Ansiedade (6% a 15%).
Em geral, os efeitos adversos surgem no início do tratamento e desaparecem com o tempo.
A fluoxetina parece ser o antidepressivo ISRS que menos provoca efeitos colaterais na área sexual.
CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES
A principal contraindicação da fluoxetina é seu uso em pacientes que estejam utilizando, ou que tenham utilizado nos últimos 14 dias, medicamentos pertencentes à classe dos inibidores da monoamina oxidase (IMAO) (por exemplo: isocarboxazida, fenelzina ou tranilcipromina).
A fluoxetina deve ser utilizada com cautela em pacientes com diabetes, devido ao aumento do risco de hipoglicemia, e em pacientes com doenças hepáticas. Este antidepressivo também deve ser evitado em pacientes durante a fase maníaca do distúrbio bipolar, pois pode exacerbar os sintomas.
Embora não seja contraindicada, a fluoxetina geralmente é evitada durante a gravidez, uma vez que existem outros antidepressivos considerados mais seguros, como a sertralina. O mesmo princípio se aplica às mulheres que estão amamentando.
Os pacientes em tratamento com fluoxetina devem ser aconselhados a evitar o consumo de álcool, pois pode potencializar o efeito tóxico dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Especificamente, o álcool pode aumentar o risco de comprometimento psicomotor.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Alguns medicamentos e substâncias não devem ser usados em associação com a fluoxetina devido ao aumento do risco de efeitos adversos. Os principais são:
Anti-inflamatórios não-esteroides (AINE).
Bebidas alcoólicas.
Bromoprida.
Buspirona.
Erva de São João (Hypericum perforatum).
Haloperidol.
Ivabradina.
Linezolida.
Lítio.
Metoclopramida.
Propafenona.
Tamoxifeno.
A fluoxetina não interfere no efeito das pílulas anticoncepcionais.
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